Células Tronco - Postado por Jairo Len


Sempre que casais ou gestantes vem conversar comigo (antes do bebê nascer) um dos assuntos que surge é "o que fazer com o sangue do cordão umbilical"... Doar para banco público? Pagar para congelamento privativo?
O assunto é complicado.
O mais importante, a meu ver, é que você saiba o que é exatamente e quais são os tipos existentes de células-tronco disponíveis, e assim tire suas próprias conclusões.
A definição básica para pais é, em primeiro lugar, que células-tronco hematopoiéticas (presentes no sangue do cordão) não são a mesma coisa que células-tronco embrionárias (presentes nos embriões gerados em clínicas de fertilização).
As CT hematopoiéticas só podem se diferenciar em outras células sanguíneas, e as CT embrionárias podem, teoricamente, se transformar em qualquer tecido do nosso corpo.
O "sangue se cordão" é usado, exclusivamente, para tratamento de doenças sanguíneas, como leucemias e aplasias medulares.

O que ocorre é que o conteúdo de uma única bolsa (de uma só placenta) dificilmente serviria para tratar qualquer doença da própria pessoa. Além da quantidade de células ser pequena para um tratamento (havendo necessidade de mais bolsas para um paciente), nas doenças do sangue é importante que o paciente receba a doação de OUTRA pessoa que tenha a "medula" igual a sua (chamado de transplante "alogênico"). Receber o próprio sangue (transplante "autólogo") serve apenas em 1 para 100.000 pessoas...

Diversos países do chamado "primeiro mundo" (com razão) já tem bancos públicos de cordão muito bem montados, com grande número de bolsas em estoque, e realizam, em média, cerca de 5 vezes mais transplantes que no Brasil. Achar bolsas compatíveis por lá é bem mais fácil que por aqui (aonde o custo é de cerca de US$ 40 mil por paciente).
O problema é que o "Banco de cordão" brasileiro, o BrasilCord, depende de coletas públicas ou, exclusivamente, de poucos hospitais. Em São Paulo, só o Albert Einstein o faz.
Se um bebê nasce no São Luiz ou Pró-Matre, só existe a opção de congelamento privativo (através de firmas como a Criopraxis ou Criogenesis).
E, relembrando, nada a ver com as promissoras células-tronco embrionárias (pluripotentes), cujo uso ainda está em fase de pesquisas, podendo tratar doenças cardíacas, neurológicas, auto-imunes, etc... Estas células, se quiséssemos guardar para "uso próprio", não estaríamos aqui... Elas são retiradas dos blastocistos quando "nós" ainda somos um emaranhado total de 8 células, 3 dias após a nossa fecundação...

Comentários

  1. Jairo, lembro bem dessa conversa com vc.....
    O dudu nasceu no São Luiz, e logo veio a criopaxis oferecer serviço.....no caso do Einstein eu doei o sangue do cordão,mas fomos reprovados por causa da quantidade,mas que pelo menos serveria para estudos e pesquisa,doei na hora.
    valeu pela dica na época e para as futuras mães.
    Bia

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