"Tapa na Bunda", o livro - Postado por Jairo Len

 Polêmica no mundo da psicologia infantil. O livro está dando o que falar.
"Tapa na Bunda - Como Impor Limites e Estabelecer um Relacionamento Sadio com as Crianças em Tempos Politicamente Corretos". A autora é Denise Dias, musicoterapeuta, pedagoga, psicopedagoga, especialista em psicossomática e possui experiências no Creative Children Therapy, Children’s Health and Educational Management Inc., United Cerebral Palsy of Miami, Jackson Memorial Hospital, Perdue Medical Center, na Flórida, Estados Unidos, com destaque no trabalho com crianças, adolescentes e adultos psiquiátricos, portadores de necessidades especiais e crianças que sofreram abusos físicos e sexuais. Não é pouco...

No livro, a psicóloga defende uma educação de resultados, "mesmo que sejam necessárias palmadas" (e não surras, como ela mesmo coloca). Afirma que os pais atuais perderam a noção de como impor limites aos seus filhos. "A obra pretende ajudar os pais que têm dúvidas sobre como impor limites e alcançar resultados eficazes, mostrando que existe uma divisão clara entre violência e respeito, agressão e disciplina. De acordo com a terapeuta, o maior problema é que as pessoas confundem o tapa com uma surra. 'Os pais de hoje sofrem por não ter a certeza de como agir como pais e pecam na permissividade', alerta".

É claro que já se pode ler, na internet, todo o tipo de comentário sobre o livro, obviamente a maioria contra. Aliás, salvo exceções, quem se presta a escrever livremente na internet geralmente é do contra, meio radical. Ninguém escreve para elogiar (eu escrevo!!!).

Na verdade, acho que o termo "tapa" não requer nem propriamente contato físico ou agressão. Educar necessita, sem dúvida, algum grau de autoritarismo. Conosco (agora adultos) foi assim, nos julgamos bem educados, de um modo geral. Como nossos pais (agora avós) foi assim.
Num mundo muito pior e inseguro, porque vai ser diferente com os filhos?
É claro que educar não tem uma regra básica, não existe one size fits all. Não há um livro (nem dezenas deles) que ensinem alguém a educar seus filhos.

Mas é interessante como todos nós reconhecemos crianças "mal-educadas" em qualquer lugar, e conseguimos relacionar elas ao modo de educar dos seus pais. Eu resumiria que falta de educação é não respeitar os limites do próximo, invadir. Mexendo que não deve, subir calçado aonde não pode, fazer barulho em locais inapropriados, correr no restaurante, bater e cuspir nos próprios pais, não respeitar de diversas formas os mais velhos, e assim por diante. E como vivemos em sociedade gregária, estas regras são importantes. Por favor e obrigado.
Obviamente educar é muito mais do que isso, mas essa é a ponta do iceberg. Valores são ensinados nas mínimas coisas.

O problema não é a palmada ou não. É educar ou não, achar que seu filho está fazendo "errado" ou não.
Exemplo prático: Se eu acho lindo uma criança de dois anos bater insistentemente a colher no prato, num jantar, em um restaurante silencioso, ela não terá a oportunidade de ser educada. Se eu acho que ela está fazendo errado, basta tentar educar, desviar a atenção, propor um passatempo silencioso, se necessário, a frase mágica "não faça isso" pode ser proferida. Tirar a colher, se necessário levantar e fazer algo mais interessante para a criança (óbvio!!). Enfim, educar.
E educar demora muito, anos, décadas. Cada fase com sua forma de educação.


Não é um livro recomendando palmadas que vai mudar a forma de se educar, mas o tema principal, a meu ver, é: eduque seus filhos, por favor. Alguns psicólogos sabem o problema que é não fazer isso.

Não é assim?

Comentários

  1. Dr. Jairo,
    achei ótimas as suas colocações. Sem dúvida educar exige MUITO tempo, MUITA paciência, MUITA perseverança, MUITO amor, e principalmente, MUITA renúncia por parte dos pais. Tem pais que terceirizam demais a "educação" dos filhos, tem pais que acham que dá para ter a mesma vida de antes quando ainda não tinham filhos.
    Filhos são para a vida toda. O que fizermos (ou não) com e pelos os nossos filhos, daremos satisfação mais tarde a... eles mesmos.
    Plantou, colheu.
    Abço,
    Roberta, mãe dos gêmeos Rute e Miguel

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